Dos escritos de Agostinho

DEUS É A VIDA DE TUA ALMA

“Tua alma morre perdendo a sua vida. Tua alma é a vida do teu corpo, e Deus é a vida de tua alma. Do mesmo modo que o corpo morre quando perde a sua alma, que é sua vida, assim a alma morre quando perde a Deus, que é sua vida. Certamente, a alma é imortal, e de tal modo é imortal, que vive mesmo estando morta. Aquilo que disse o Apóstolo da viúva que vivia em deleites pode-se dizer também da alma que tem perdido o seu Deus: que vivendo está morta”.

(Com. Ev. de João, 47, 8)

20 lições para conhecer a Santo Agostinho

 

A ORDEM AGOSTINIANA NA HISTÓRIA

(Desde 1785 até nossos dias: decadência e novo ressurgir)

1.- Extensão

Dentro deste período, devemos considerar dois momentos bem marcados: de 1785 até 1881 e de 1881 até hoje.

O primeiro deles é um dos mais tristes da história da Ordem. Não obstante ser ter criado algumas províncias novas, como a de Malta (1817), a de Nápoles (1825) e a de Santo Tomas de Vilanova nos EEUU (1874), o número das mesmas diminuiu notavelmente: havia só 22 mais quatro Congregações, com um total de 1900 religiosos e 250 casas. As circunstâncias políticas daquela época trouxeram péssimas consequências para a Ordem. Antecipando-se nalguns países como na França, em quase toda a Europa teve que sofrer os caprichos do poder secular. Ainda que com diferentes maneiras e em distintos tempos, as autoridades civis decretaram a supressão das Ordens Religiosas em diferentes estados. Tirando os Estados Unidos e Filipinas, em poucos lugares viu-se livre de qualquer ataque. Na Europa e América do Sul, concretamente nossa Ordem recebeu um duro castigo.

No que diz respeito a Espanha, é preciso lembrar que depois de um decreto de Pio VII, escrito em 1804 sob pressão dos reis, as províncias da Espanha e hispano falantes ficaram livres da obediência ao Prior Geral, ao estabelecer-se que o cargo devia ser alternado entre um espanhol e um do resto da Ordem, caso este no qual os espanhóis estariam submetidos a um Vicário Geral. Foi um golpe muito duro contra a unidade da Ordem. Mas o maior foi quando em 1835 o poder civil decretou a exclaustração dos religiosos, aos que privou-se-lhes dos seus conventos e propriedades por uma lei denominada de “desamortização”. O único convento da Ordem que não foi afetado foi o de Valladolid pelo fato de enviar pessoal a Filipinas. Deste modo salvou-se a Província de Filipinas que depois foi a alavanca para restabelecer a Ordem na Espanha.

Responsáveis pela terrível situação não foram só as circunstâncias externas. Fatores internos tiveram também um grande peso. De uma parte, a Ordem não soube encontrar superiores capazes de enfrentar-se à difícil situação por vários motivos. De outra o fervor religioso havia diminuído respeito a tempos passados, sendo envolvida a Igreja em um fenômeno que teve sua origem na Revolução Francesa.

Todo isso fez que se sentisse vivo o desejo de renovação. Renovação que só chegou quando Leon XIII nomeou Prior Geral a Pacífico Neno, ao que seguiram outros Priores Gerais renovadores como Sebastião Martinelli, Tomás Rodríguez e, sobretudo, Eustásio Estevão, ótimo Geral dos tempos modernos.

Neste período muitas coisas mudaram. Iniciou-se uma campanha de promoção de vocações, o governo da Ordem fez-se internacional, no Capítulo de 1895 os espanhóis voltam à unidade da Ordem; aos Capítulos começam a assistir membros de todos os países; renova-se o fervor missionário; revisam-se as Constituições; introduzem-se causas de beatificação de vários irmãos que estimulam o fervor religioso; floresce de novo a paixão pelos estudos, sobre tudo a partir de que o mosteiro do Escorial, centro de estudos, confia-se à Província de Filipinas.

O número de Províncias volta a aumentar. Com religiosos da Província de Filipinas reinstalase a de Castela (1881) que tinha sido suprimida. Da mesma província surgem em 1895 a Matritense do Escorial e em 1926, a de Espanha. Em 1895 funda-se também a de Holanda. Em América do Norte a jovem Província de Santo Tomás de Vilanova da vida a outros dois novos filhos: a de Chicago (1941) e a de Califórnia (1968). A de Alemanha dá origem à de Canadá (1967) e a de Irlanda à de Austrália (1952). Nestes últimos anos funda-se em Portugal e em Cuba, e promovem-se as vocações na Índia e Tanzânia. O número de assistências aumenta constituindo-se a de América do Sul (1965) e a de América do Norte (1968). Em 1912 a Congregação dos Agostinianos Recoletos e em 1931, a dos Descalços de Itália, se constituem em Ordens independentes.

Como pontos negativos a revolução mexicana e a guerra civil espanhola supuseram muitas baixas nos dois países. Como consequência da situação política nos países socialistas do Este de Europa, desapareceram as Províncias de Polônia, Boêmia e a Abadia de Brno na antiga Checoslováquia. Ultimamente, membros da Ordem têm voltado a fundar na Polônia e na República Checa.

Como todas as outras Ordens, também a de Santo Agostinho tem sofrido a situação na que se tem encontrado a Igreja depois do Vaticano II. O número de membros tem descendido sensivelmente e muitas Províncias têm graves problemas vocacionais.

Atualmente o número de religiosos é inferior aos 3000 com umas 373 casas pertencentes a 36 províncias e Vicariatos.

As nações nas que está presente a Ordem, quer porque nelas trabalham Agostinianos, quer porque são pátria deles, são 43: Alemanha, Argélia, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canadá, Colômbia, Cuba, Chile, China, Equador, Espanha, EEUU, Etiópia, Filipinas, França, Holanda, Índia, Indonésia, Inglaterra, Irlanda, Itália, Japão, Malta, México, Nigéria, Panamá, Peru, Polônia, Portugal, Porto Rico, República Checa, República Dominicana, Suíça, Tanzânia, Tunísia, Uruguai, Vaticano, Venezuela e Zaire.

 

2.- Estudos

A decadência que apontamos na primeira parte deste período na vida da Ordem, sentiu-se também no nível dos estudos. Não obstante esta constatação, ainda podem-se enumerar homens mundialmente conhecidos célebres, sobretudo, no campo das Ciências Naturais. Merecem menção especial homens como o padre Manuel Blanco (+ 1845) autor da estupenda Flora de Filipinas e sobre tudo o celebérrimo entre os cientistas Gregor Mendel (+ 1884) iniciador do estudo das leis da herança com seus experimentos sobre ervilhas no jardim da Abadia de Brno (República Checa) à que pertencia.

No fim do século acorda de novo na Ordem o afã pelos estudos. Na Espanha inicia-se um grande movimento cultural com a entrega à Ordem do Mosteiro do Escorial, que se deveu à influência de Tomás Câmara (+ 1904), bispo de Salamanca, influência que se estendeu além da Ordem a toda a Igreja espanhola. Como teólogo destaca na Espanha o pare Honorato del Val e, na Itália, o padre Palmieri. Como patrólogos, o padre A. Cassamassa, italiano, e o padre espanhol A. Custódio Vega. Como filósofo o padre Marcelino Arnáiz (+ 1930) e orientalista o Cardeal Agostinho Ciasca (+1902).

Como centros de estudos eclesiásticos na Ordem, funda-se, sempre sob o impulso do padre Câmara, o Colégio Internacional Santa Mônica em Roma, centro de confluência de jovens de toda a Ordem que vão especializar-se em Ciências Sagradas, com o adjunto Instituto Patrístico “Augustinianum”. Na Alemanha abre-se o Instituto Oriental. Ultimamente, em 1967, se afilia à Universidade de Comillas o Seminário Maior Agostiniano de Valladolid, centro de estudos da cidade do Pisuerga. Também nestes últimos anos funda-se um Centro Teológico de Estudos Agostinianos com sede no Escorial e Los Negrales (Madri) e o Centro de Estudos Agostinianos de São Paulo com uma biblioteca especializada em Santo Agostinho.

Várias são as revistas de caráter científico que publica a Ordem: Analecta Agustiniana, publicada pela Cúria Geral; Estudio Agustiniano e Archivo Agustiniano (Província de Filipinas); Revista Agustiniana (Província de Castela); La Ciudad de Dios (Província Matritense); Religión y Cultura (Província de Espanha); Augustinianum (I. P. “Augustinianum”); Augustiniana (Província Belga); Augustinian Studies (Província de Vilanova); Ostkirchliche Studien (Província Alemã), etc. Geralmente a cada revista vai unida uma série de publicações.

Temos que lembrar que a primeira revista científica publicada na Espanha foi chamada revista Agustiniana que adotou vários nomes e hoje encontra sua continuação em La Ciudad de Dios.

 

3.- Tarefas apostólicas

Neste período continuam-se as tradições de épocas anteriores: atividade paroquial, pregação, ensino, etc. Convêm ressaltar o grande auge que esta última consegue, sobretudo nas províncias espanholas. Milhares de crianças e jovens têm recebido educação nos seus colégios no primeiro ou segundo grau e nas suas universidades o ensino superior. Neste período abrem-se universidades civis. Atualmente as existentes são: em Madri o Real Colégio Universitário Maria Cristina do Escorial, mantida pela Província Matritense; a de Santo Agostinho em Ilo Ilo, nas Filipinas, mantida pela Província com esse nome; a de Vilanova, na Pensilvânia (EE.UU.) da Província homônima, à qual haveria de acrescentar a também chamada de Vilanova na Havana (Cuba), se o governo comunista não tivesse expropriado e expulsado aos agostinianos.

Pregadores célebres da presente época foram James Doyle, bispo de Kildare (+ 1834), conhecido defensor da liberdade e dignidade do povo irlandês. Tal vez o maior orador de Espanha de fins do século passado foi o já citado Tomás Câmara, ao que segue de perto Zacarias Martínez, arcebispo de Santiago de Compostela (+ 1933).

Convêm salientar a atividade que os Agostinianos alemães desenvolvem em relação às igrejas cristãs orientais separadas.

O número de Agostinianos na jerarquia da Igreja mudou segundo os tempos e modos de proceder da mesma Igreja.

 

4. Tarefa misional

Também as missões sofreram as consequências da falta de pessoal na Ordem na primeira metade do presente período. As vicissitudes negativas que sofreu a Ordem nas Metrópoles significaram um golpe duro para aquelas, desde o momento que não tinham outra maneira de conseguir pessoal. O primeiro período, foi uma época na que se fechou um capítulo glorioso de nossas missões. A grandiosa obra realizada pelos Agostinianos portugueses não deu para ser continuada ao ficar suprimida pelos poderes civis a Província daquele país em 1834. Por falta de pessoal também se abandonou a missão na China.

Mas o espírito missionário não morreu. Prova disso são os vários campos de missão que voltaram a abrir-se para a Ordem. A Província de Filipinas, missionária de nascimento e por uma tradição sem interrupções até o ponto que todos seus religiosos fazem votos de ir às missões sempre que o superior o mandasse, voltou a entrar na China em 1879, por obra dos padres Elias Suárez e Agostinho Vilanova. A missão acabou seus dias em 1954, expulsados os missionários espanhóis pelas forças comunistas de Mao-Tse-Tung. Ali ficaram alguns agostinianos nativos chineses dos que pouco voltamos a saber. A mesma Província depois da perda de Filipinas para Espanha (1898) estendeu-se por América Latina e já em 1901 tinha aberto outra missão em Iquitos (Peru) na selva amazônica que perdura até hoje. Finalmente em 1976 abrem-se, por primeira vez, as portas da África e os padres Agostinho Pérez e Vitalino Malagón trasladam-se à Tanzânia.

Sempre na Espanha, a Província do mesmo nome, abre em 1969 uma missão em Cafayate (Argentina) e a Matritense em Tolé (Panamá).

À Província Irlandesa confiou-se-lhe em 1883 uma missão na Austrália que deu origem à Província homônima. Mais tarde estendeu-se à Nigéria (África) onde atendem uma florescente missão que conta já com Agostinianos nativos e tem-se constituído em Província. Ultimamente tem ajudado à Província do Equador.

Em 1952, por obra dos norte-americanos, os Agostinianos voltam ao Japão na mesma região na que séculos passados outros irmãos seus tinham derramado seu sangue por confessar sua fé. A mesma província de Vilanova atende outra missão em Chuquinbambilla (Peru).

Ao mesmo Peru, tem ido as províncias italianas, abrindo assim um novo capítulo abandonado na sua história. A Província de Malta tem-se estendido pelas terras africanas de Argélia de grandes lembranças agostinianas e também tem chegado ao Brasil.

Outros Agostinianos Centro Europeus tem sentido o chamado missionário. Desde 1953 os holandeses encontram-se na Indonésia, tendo entrado já em 1932 na Bolívia. Os belgas desde 1952 no Zaire, missão esta que sofreu muito no momento da descolonização. Os alemães colaboram com eles. A mesma Província Alemã mantêm em Friburgo (Suíça) um centro de assistência aos estudantes do terceiro mundo que se acham naquele país por motivos de estudo.

Muitos destes campos que foram ou ainda são de missão propriamente são dioceses ou Vicariatos Apostólicos regidos por bispos Agostinianos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário